O
referendo da Escócia deu a vitória ao “Não”. Os independentistas perderam, os
unionistas ganharam. Aceitando a derrota, o chefe do governo escocês apresentou
a demissão (http://www.sol.pt/noticia/115320).
É assim a democracia. Venceu a democracia. E em democracia (na verdadeira), as
responsabilidades pelos erros selam-se e traduzem-se por demissões. Não sei se
foi a decisão acertada ou não. Tal como ignoro se tudo ficará na mesma, na
Escócia e na Europa. Como também não sei qual seria o panorama futuro se o
“Sim” tivesse ganho. A minha bola de cristal fez greve. Sei (ou prevejo, que
vai dar no mesmo) que a causa independentista tanto na Escócia, como noutras
regiões europeias (uma trintena, segundo cálculos de alguns) não vai desarmar e
a porta aberta pelos Escoceses irá provavelmente manter-se aberta por muito
tempo, a menos que os velhos políticos e governantes europeus mudem a agulha do
seu comboio governativo. Na vizinha Espanha, perfila-se para Novembro uma
consulta junto dos Catalães para saber se eles apoiam uma Catalunha
independente. Não me espantaria se em Moncloa os partidos do arco da governação
seguissem o exemplo dos seus pares britânicos e prometessem, sob garantia
jurada, ainda mais poderes autonómicos para as regiões e comunidades históricas
espanholas. Talvez os meus netos cheguem a ver uma Espanha federal e os meus
bisnetos uma Ibéria federalizada. É que Espanha é um país de várias nações. E a
Espanha apropriou-se de dois termos (Hispânia e Ibéria) de que todos os
Ibéricos (Portugueses inclusive) são legítimos herdeiros. Cá pelo burgo, não me
espantaria que J. A. Jardim, levado pelo entusiasmo, exigisse também uma
independência para o seu arquipélago. Pessoalmente nada tenho contra essa
pretensão – numa democracia (numa democracia a sério), a voz do povo deve ser
ouvida. Pessoalmente não sei se a Madeira-nação seria viável (a minha bola de
cristal continua em greve). Mas pessoalmente, também, não me espantaria que, se
não desse certo, algum dos luminares madeirenses pedisse à República Saaraui
que aceitasse as ilhas como uma região autónoma local…
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