domingo, 26 de outubro de 2014

Momentos diários

Por razões diversas, decorreu quase um mês sem “passar cartão” aos meus blogues. Às vezes dá-me a preguiça. Outras é a musa que adormece e para acordar é um bico-de-obra. Desta vez, foi um pouco de tudo. Acresce que tenho estado com alguns trabalhos de tradução entre mãos, que é preciso despachar e chegado ao fim do dia, a vontade é mandar tudo às malvas com a promessa de que “amanhã será”. E o amanhã acaba por não chegar.

Ainda continuo com algum trabalho – estou a terminar a tradução de um livro e já está outra na calha, a musa continua meio adormecida, a paciência e a vontade não são muitas, mas resolvi aproveitar uns momentos de relaxe e decidi pôr cobro a esta interrupção.

Hoje é domingo e, ainda por cima, véspera do aniversário da minha codé que resolveu convidar algumas amigas e amigos para uma festinha organizada em casa da mãe de uma outra que se disponibilizou para receber tantos convivas. Uma das razões de não ser cá em casa é porque a nossa sala de estar ainda não está totalmente mobilada. Sentado no meu escritório, diante do computador, tentarei retomar o fio à meada perdido nos meandros do pai Cronos…

Hoje é domingo e como habitualmente (embora na semana passada tenha feito gazeta) fui ao culto matutino. Pregou o meu amigo Samuel Antunes. E como sempre sucede não me limito a ouvir. No meu íntimo procuro interagir com o que ouço ou se passa à minha volta e levanto interrogações e esboço intervenções (nunca concretizadas) ou assaltam-me ideias a explorar num futuro próximo, tudo numa dialéctica constante à procura de um rumo que norteie não apenas as minhas reflexões, mas principalmente a minha praxis. E hoje não foi excepção. E antes que a memória falhasse e toda essa dialéctica se desvanecesse num cosmos onírico qualquer, fui rabiscando numa folha de papel as ideias que me iam surgindo. A intenção, claro, será desenvolvê-las uma a uma. Mas das intenções ao acto vai uma grande distância e a sua concretização é coisa que não garanto. Tentarei, no mínimo, que não se fiquem apenas pela enumeração numa folha destinada ao refugo.

E enumero as ideias que me foram surgindo desta dialéctica atrás referida:

Enviar para a revista “Mulher Criativa” a minha reflexão “Os Cem Degraus”, respondendo assim a um pedido de colaboração feito há tempos pela minha boa amiga Bertina Tomé, a directora da revista.

Porque vou à igreja? Esta fora a pergunta que me assaltara enquanto hoje me preparava para me dirigir ao culto. Imaginei algumas razões e enquanto a pregação decorria ela assaltou-me de novo.

Um dos episódios neotestamentários de que mais gosto é o da pecadora ungindo os pés de Jesus. Há alguns anos preguei sobre o assunto e há pouco tempo a Cassiana pediu-me alguns esclarecimentos sobre o episódio. Mas nunca escrevi nada sobre o assunto. E se pegasse na caneta?

A dada altura, o Samuel falou de conhecimento, de conhecer. De imediato ocorreu-me a etimologia da palavra – cognoscere. Não seria interessante, pensei, elaborar sobre o assunto?

O Samuel, a dada altura, abordou uma questão importante acerca da quantidade de informação a que hoje podemos ter acesso. E mencionou o Google. De facto, podemos dizer que tal como houve um tempo a.C. (antes de Cristo), hoje podemos falar de um tempo a.G. (antes de Google). E a informação não tenderá a transformar-se em in(negação)+formação?

Há 15 dias, o pregador foi o brasileiro Paulo Júnior, no seu estilo próprio de desconstruir um discurso eclesiológico a que nos habituámos e que nos tem condicionado. Colocou em oposição a crença e a fé. E hoje foi feita referência a essa antinomia. E como gosto de brincar com as palavras, opus crença a querença. E a querença faz lembrar as lides tauromáquicas.

Como digo atrás, não sei se estas ideias ficarão apenas pela sua enumeração. Se me abalançar a desenvolvê-las e a publicá-las, virei aqui colocar o respectivo link de acesso. Mas uma coisa certamente continuarei a fazer: a interagir dialecticamente no meu íntimo com o que vou ouvindo sempre que alguém utilizar o púlpito.