terça-feira, 2 de setembro de 2014

O Mapa e a Ministra

A saga do novo mapa judiciário prossegue. Parece que a plataforma informática embora a funcionar melhor que ontem continua com falhas. O telejornal recupera parte da entrevista dada ontem pela ministra à SIC em que ela considera sem razão a acção interposta pela Ordem dos Advogados e lamenta que a sua (dela, ministra) Ordem não tenha apresentado uma proposta alternativa. Não sei se o mapa está correcto ou não, se a reforma se justificava ou não, se está bem ou mal feita. Ignoro também se virá beneficiar os cidadãos e melhorar a prestação da justiça. Sei que quando se mexe numa rotina já estabelecida, há sempre queixas por parte dos afectados que se consideram os mais afectados de todos. Muitas vezes, o tempo acaba por dar razão à alteração da rotina. Outras vezes, as alterações terão de ser reajustadas e ainda outras terão de ser abandonadas. Como não estou por dentro do assunto, não me pronuncio sobre a justeza ou não destas medidas. Há, no entanto, uma dúvida que sempre me assalta nestes momentos. Será que se a ministra fosse oposição e esta reforma fosse levada a cabo por um governo que não fosse da sua cor partidária, ela a aplaudiria como faz agora? E se ela fosse uma mera advogada ou até bastonária da “sua” Ordem, será que viria à praça defender com unhas e dentes as alterações introduzidas? Confesso que não sei. É que os nossos políticos habituaram-nos a ser como o deus Jano – pessoas de duas caras. Na Oposição, como contra-poder, dizem uma coisa, no governo, como poder, dizem outra. Recordo apenas que na antiga Grécia, os actores de teatro desempenhavam os seus papéis com uma máscara. E tinham o nome de υποκριτής que deu em bom Português hipócrita. Ou seja, um belo de um feijão-frade…


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