quarta-feira, 24 de setembro de 2014

A lavandaria


Os Antónios travaram ontem o último debate televisivo. O resultado seria o de esperar – uma lavagem de roupa suja. Bem poderiam ter passado cá por casa e feito o favor de levarem a minha roupa. Só lavagem. Eu encarregar-me-ia de a engomar e arrumar.

Quem deve ter esfregado as mãos de contente com este triste espectáculo foi certamente Passos Coelho e seus aliados. E arriscamo-nos a levar em cima com mais 4 anos de cunicultura e de irrevogabilidades. É evidente que Costa tem toda a legitimidade para aspirar ao lugar de Secretário-geral do PS, mas parece-me que teria sido melhor outro caminho para lá chegar por vias sufragadas pelos estatutos partidários. A solução escolhida apenas enfraquece o partido da rosa e abre brechas e feridas que dificilmente ou nunca sararão. Desta vez, a rosa não foi flor – foram acúleos. E dos bens aguçados.

Os debates foram um deserto em termos de propostas programáticas concretas. E chega-se à triste conclusão, assumida por António José Seguro, de que programaticamente nada os distingue. Até a cor da gravata era a mesma. Afinal ambos têm um traço comum – a sede de poder. A menos que se queira reduzir a diferença entre ambos ao pormenor da boniteza. Quem gosta de um tom de pele bronzeado e sonha com outras características fisiológicas dos morenos, escolha Costa. Quem aprecia o ar seráfico e angelical de menino do coro de pele lisa e lustrosa, vá pelo Seguro. Mal vamos nós quando a política se resume à epiderme das coisas.



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