(A propósito da queda do XX governo, o segundo de Pedro Passos Coelho, em virtude
de uma moção de desconfiança apresentada pelo PS. Publicado no Facebook)
Gostando ou não do episódio político que acabámos de viver,
concordando ou não com o seu desfecho, não há dúvida de que este foi um momento
histórico, por muitas e diversas razões. E olhem que nem sempre nos é possível
viver um momento histórico ou perceber a sua passagem. Alguém disse que cada
geração vive o seu momento histórico peculiar. Eu, que já estou no terço final
da vida, posso dizer que vivi alguns. Assim de memória, três de carácter
público e três de carácter privado. Em todos eles,
experimentei estados de alma diversos, mas mesmo nos vividos com mais angústia,
no final experimentei a verdade da Escritura: “todas as coisas contribuem
juntamente para o bem daqueles que amam a Deus”. E descobri pelas experiências
vividas que por mais angustiante que uma situação possa ser, que por mais
vencidos que nos deixemos levar pela angústia que perfilharmos, a esperança
fica sempre à espera que a abracemos e a tornemos nossa. Por isso, não posso
deixar de me admirar (ainda me vou admirando) por ver tantos que defendem e
proclamam a melhor mensagem de esperança que o mundo jamais conheceu, virem à
liça com um discurso catastrofista. E repito o que costumava dizer: ou somos ou
não somos. Se somos, então sejamo-lo em cada circunstância e não apenas quando
só conseguimos ver o sol a brilhar. É que por vezes, o sol que queremos ver
brilhar não passa do reflexo encadeante do espelho das nossas ilusões.