Por
razões diversas, decorreu quase um mês sem “passar cartão” aos meus blogues. Às
vezes dá-me a preguiça. Outras é a musa que adormece e para acordar é um
bico-de-obra. Desta vez, foi um pouco de tudo. Acresce que tenho estado com
alguns trabalhos de tradução entre mãos, que é preciso despachar e chegado ao
fim do dia, a vontade é mandar tudo às malvas com a promessa de que “amanhã
será”. E o amanhã acaba por não chegar.
Ainda
continuo com algum trabalho – estou a terminar a tradução de um livro e já está
outra na calha, a musa continua meio adormecida, a paciência e a vontade não
são muitas, mas resolvi aproveitar uns momentos de relaxe e decidi pôr cobro a
esta interrupção.
Hoje
é domingo e, ainda por cima, véspera do aniversário da minha codé que resolveu
convidar algumas amigas e amigos para uma festinha organizada em casa da mãe de
uma outra que se disponibilizou para receber tantos convivas. Uma das razões de
não ser cá em casa é porque a nossa sala de estar ainda não está totalmente
mobilada. Sentado no meu escritório, diante do computador, tentarei retomar o
fio à meada perdido nos meandros do pai Cronos…
Hoje
é domingo e como habitualmente (embora na semana passada tenha feito gazeta)
fui ao culto matutino. Pregou o meu amigo Samuel Antunes. E como sempre sucede
não me limito a ouvir. No meu íntimo procuro interagir com o que ouço ou se
passa à minha volta e levanto interrogações e esboço intervenções (nunca
concretizadas) ou assaltam-me ideias a explorar num futuro próximo, tudo numa
dialéctica constante à procura de um rumo que norteie não apenas as minhas
reflexões, mas principalmente a minha praxis. E hoje não foi excepção. E antes
que a memória falhasse e toda essa dialéctica se desvanecesse num cosmos
onírico qualquer, fui rabiscando numa folha de papel as ideias que me iam
surgindo. A intenção, claro, será desenvolvê-las uma a uma. Mas das intenções
ao acto vai uma grande distância e a sua concretização é coisa que não garanto.
Tentarei, no mínimo, que não se fiquem apenas pela enumeração numa folha
destinada ao refugo.
E
enumero as ideias que me foram surgindo desta dialéctica atrás referida:
Enviar
para a revista “Mulher Criativa” a minha reflexão “Os Cem Degraus”, respondendo
assim a um pedido de colaboração feito há tempos pela minha boa amiga Bertina
Tomé, a directora da revista.
Porque
vou à igreja? Esta fora a pergunta que me assaltara enquanto hoje me preparava
para me dirigir ao culto. Imaginei algumas razões e enquanto a pregação
decorria ela assaltou-me de novo.
Um
dos episódios neotestamentários de que mais gosto é o da pecadora ungindo os
pés de Jesus. Há alguns anos preguei sobre o assunto e há pouco tempo a
Cassiana pediu-me alguns esclarecimentos sobre o episódio. Mas nunca escrevi
nada sobre o assunto. E se pegasse na caneta?
A
dada altura, o Samuel falou de conhecimento, de conhecer. De imediato
ocorreu-me a etimologia da palavra – cognoscere. Não seria interessante,
pensei, elaborar sobre o assunto?
O
Samuel, a dada altura, abordou uma questão importante acerca da quantidade de
informação a que hoje podemos ter acesso. E mencionou o Google. De facto,
podemos dizer que tal como houve um tempo a.C. (antes de Cristo), hoje podemos
falar de um tempo a.G. (antes de Google). E a informação não tenderá a
transformar-se em in(negação)+formação?
Há
15 dias, o pregador foi o brasileiro Paulo Júnior, no seu estilo próprio de
desconstruir um discurso eclesiológico a que nos habituámos e que nos tem
condicionado. Colocou em oposição a crença e a fé. E hoje foi feita referência
a essa antinomia. E como gosto de brincar com as palavras, opus crença a
querença. E a querença faz lembrar as lides tauromáquicas.
Como
digo atrás, não sei se estas ideias ficarão apenas pela sua enumeração. Se me
abalançar a desenvolvê-las e a publicá-las, virei aqui colocar o respectivo link de acesso. Mas uma coisa certamente
continuarei a fazer: a interagir dialecticamente no meu íntimo com o que vou
ouvindo sempre que alguém utilizar o púlpito.